terça-feira, 26 de julho de 2011

Yokohama é, hoje em dia, a segunda maior cidade do Japão.

Introdução histórica: Ninguém diria que, até 1854, enquanto o Japão tinha uma política Sakoku (período em que ninguém, estrangeiro ou nacional, podia entrar ou sair do país) esta era uma simples aldeia piscatória. Contudo, nesse ano, com a chegada de uma frota de guerra americana liderada pelo Comodoro Matthew Perry, o Japão foi obrigado a abrir alguns portos comerciais. Inicialmente foi acordado que seria aberto um porto na movimentada localidade de Kanagawa-juku, por se tratar de um ponto estratégico entre Tokyo, Kyoto e Osaka. No entanto, visto que esta estava demasiado próxima de uma das principais rotas do Japão, foi estabelecido, em 1859, o Porto de Yokohama. A partir daí, a pequena localidade começou a ganhar importância no contexto das trocas comerciais até se transformar, ainda no mesmo século, no principal porto do Pacífico e, consequentemente, numa cidade com bastante importância. Foi, no início do século XX, praticamente destruída por um sismo (o conhecido sismo de Kantō) e sofreu vários bombardeamentos na Segunda Guerra Mundial. Contudo, à boa maneira japonesa, estas situações levaram a uma rápida reconstrução e consequente modernização.

Quando chegámos a Yokohama deparámo-nos com uma cidade de áreas abertas o que, à partida, não seria de esperar, por esta se localizar tão perto de Tokyo (pouco mais de meia-hora de comboio).



Num passeio à beira-mar, encontrámos um edifício portuário com aspecto de outros tempos...


Curiosamente, de ambos os lados de um dos canais que atravessam Yokohama, existem várias áreas de diversão, com carrosséis, uma roda panorâmica e uma montanha russa.


Perto da zona do parque de diversões está ancorado o Nippon Maru, que fazia o percurso entre Yokohama e Seattle entre 1930 e 1960.


Depois de alguma adrenalina resultante de uma voltinha na montanha russa, tínhamos os estômagos a dar horas. O almoço mais apetecível (o do Gonçalo), de origem coreana, tinha este aspecto:


A seguir ao almoço continuámos com o passeio. Antes de chegarmos ao cais actual encontrámos uma representação do porto de Yokohama em tempos remotos.


Do cais tem-se uma vista sobre os antigos armazéns, construídos em tijolo vermelho que consistem, hoje em dia, numa espécie de centro comercial ao ar livre. Daqui vêem-se, ainda, alguns dos edifícios mais modernos de Yokohama, no distrito de "Minato Mirai 21". Esta zona está construída maioritamente sobre terra conquistada ao mar e contém o arranha-céus mais alto do Japão, a Landmark Tower, que apelidámos de "Edifício do Star Wars".

Vista panorâmica de Minato Mirai 21, com a Landmark Tower em destaque, à esquerda.

O cais tem uma arquitectura singular, consistindo numa sinergia harmoniosa entre madeira e relva.


Uma curiosidade: ao longo dos passeios existem muitos azulejos ilustrativos de diversas temáticas relacionadas com a história da cidade, com particular ênfase em representações alusivas ao mar.


Visto que Yokohama teve um papel preponderante na história da abertura do Japão ao mundo por via marítima, visitámos o Museu Marítimo NYK, onde aprendemos bastante acerca da história naval do Japão e desta cidade em particular, com destaque para assuntos como o desenvolvimento da indústria naval japonesa, a participação impressionante de navios de passageiros nas guerras em que este país se envolveu e as características dos modernos navios de carga japoneses.

A maior Chinatown do Japão encontra-se em Yokohama.

Um dos quatro portões de entrada.

Templo Ma Zhu Miao (Masobyo).

As ruas de Chinatown.
Interior de um templo Budista.

Tínhamos decidido jantar no Museu do Ramen. Para chegar à zona da cidade, menos central, onde se encontra este museu, decidimos apanhar o metro. É interessante reparar na diferença abismal entre Tokyo e Yokohama - apesar de esta ser a segunda maior cidade do Japão, conta apenas com duas linhas de metro, enquanto Tokyo tem treze!

Na verdade, este não é um Museu na verdadeira acepção da palavra. É basicamente uma reconstrução do ambiente das ruas de Tokyo (e até das casas de banho!) no ano Shōwa 33 (33.º ano do período correspondente ao imperador Shōwa, ou seja, 1958). Porquê? Foi o ano em que os noodles instantâneos foram inventados.  
(Nota: Noodles consistem num tipo de massa que é muito usada na gastronomia asiática.)

Pátio interior do Museu do Ramen, representativo das ruas de Tokyo.
Uma das ruelas do museu.
Os banhos.

À entrada existe um mapa com os vários tipos de Ramen, consoante a região de onde provêm.


Embora de origem chinesa, este prato é, hoje em dia, um ícone da gastronomia japonesa. A principal característica que distingue os vários tipos de ramen é o seu caldo. Apesar de alguma controvérsia, definem-se três caldos principais:

1. Miso (com base em arroz, cevada e/ou grãos de soja fermentados);

Embora bastante simples, este é um dos nossos ramens favoritos, que costumamos comer perto do trabalho.

2. Tonkotsu (com base nos nutrientes resultantes da cozedura de ossos de porco, gordura e colagénio, o que resulta num forte sabor a porco e textura bem cremosa (Wikipedia) (Sandra: "baaaargh"; Gonçalo: "nham-nham")).

O ramen que comemos no primeiro restaurante do museu. 

3. Shoyu (com base na cozedura de frango e vegetais, com adição de molho de soja).

O segundo ramen que provámos.

No museu podem provar-se todos os tipos de ramen que mostrámos no mapa acima. São confeccionados no momento e servidos em mini-restaurantes correspondentes aos estabelecimentos localizados em cada uma das regiões. Ao pedirmos doses mini em vez das taças de tamanho convencional, cada um de nós provou dois tipos de ramen - ou melhor, o Gonçalo comeu cerca de 3 mini-ramens e a Sandra comeu 0.05, sendo que o restante (0.95 ramen) ficou lá. Vamos contar a nossa experiência:
Fomos ao primeiro restaurante e provámos a "estrela" da casa - o ramen mais famoso. Era do tipo Tonkotsu, o que nos pareceu bem, uma vez já tendo provado este tipo de caldo. Mesmo antes de sermos servidos, reparámos no cheiro intenso que pairava no ar. Quando chegaram os ramens, o cheiro foi potenciado pelo sabor pungente. Até o Gonçalo inicialmente teve uma certa relutância... mas depois acabou por gostar. A Sandra, embora cheia de fome, comia um fio de massa a cada 10 minutos (ficámos lá cerca de 20 minutos), olhava para a tigela e repetia "Come o meu, para não ficar aqui isto tudo!". Resultado: o Gonçalo saiu do primeiro restaurante com o estômago composto.
Ao pensarmos no segundo Ramen, decidimos variar no tipo de caldo. Assim, fomos a um restaurante especializado em ramens do tipo Shoyu, supostamente mais suaves. No entanto, embora o ramen em si não tivesse um cheiro muito forte, pairava no ar um "doce aroma" similar ao do restaurante anterior. Embora não tenha impedido o Gonçalo de comer um terceiro ramen, fez com que desta vez 95% do da Sandra ficasse na tigela.

A parte de museu propriamente dita consiste numa divisão em que estão expostos painéis relativos à história, utensílios, ingredientes e modo de confecção do ramen.
Um dos ingredientes mais peculiares é o naruto (similar a delícias do mar) que, além de um ingrediente, é também o nome de um conhecido animé.

Naruto.

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