sábado, 1 de agosto de 2015

Museu Ghibli


Uma das últimas coisas que visitámos juntos em Tokyo foi o museu Ghibli.

O Gonçalo já conhecia os lendários filmes de animação do realizador Hayao Miyazaki, que mostrou à Sandra. Vimos juntos alguns dos mais conhecidos, como "Castelo no céu", "O meu vizinho Totoro" e "Princesa Mononoke", aos quais a Sandra ficou rendida. Depois disto continuámos a ver mais filmes deste realizador do estúdio Ghibli, até ao ponto em que os vimos quase todos! Estas obras primam pela criatividade e originalidade, aliadas a uma excelente qualidade de animação.

Assim, é claro que tivemos de visitar o museu Ghibli da Floresta de Mitaka, cujo nome provavelmente se deve ao facto de a arquitetura estar integrada num ambiente natural.



Esta visita ligou-nos ao mundo de vários filmes, reproduzindo os escritórios e ateliers onde estes foram produzidos. Aqui pudemos ver maquetes, bonecos e outros objetos criados para estimular a criatividade dos artistas enquanto preparavam as animações. Encontrámos também vários esboços, desde trabalhos a grafite até animações coloridas e pormenorizadas.

Exemplo de um escritório recheado de elementos dos filmes
(Fonte: http://site.studioghibli.com.br/2013/10/01/a-historia-do-museu-ghibli/ )
 


Dada a típica audiência muito jovem deste tipo de filmes, o espaço está também muito direcionado para as crianças. Tem réplicas de personagens e lugares icónicos de vários filmes, com as quais os mais pequenos podem interagir, gerando-se grande diversão e entusiasmo... São constantes as corridas e risos de criança.

Mergulhar no imaginário destes artistas foi uma experiência única que nos deixou momentaneamente imersos no mundo Ghibli... e um pouco mais vizinhos do vizinho Totoro :)


domingo, 15 de março de 2015

Karaoke

O karaoke no Japão é uma experiência única. Já nos tinham falado várias vezes, com muito entusiasmo, e dada a propensão da Sandra para cantorias, resolvemos experimentar. Fomos, então, com toda a gente do nosso grupo de trabalho do NII, incluindo o nosso "chefe", o gestor de projetos, Arturo.

Ok. Agora imaginem um edifício de N pisos, em que cada piso tem N salas, sendo cada uma um karaoke privado. Paga-se um preço fixo consoante o tempo que se quer ficar e os serviços incluídos (bebidas) e voilà. Não há mais preocupações, porque cada sala tem uma espécie de tablet/telecomando, com display e menus em Japonês para escolher as músicas seguintes, e um outro tablet/telecomando similar para pedir comida e bebidas! É só encomendar e vem um(a) empregado(a) simpático(a) trazer bebidas, batatas fritas, hamburgers, etc.

Comando para escolher a música ou a comida (já não temos a certeza mas achamos que este é o da música).

Quem diria que íamos ficar 5 horas num karaoke? Não diríamos, mas ficámos. A diversão foi de outro mundo. Desde o Arturo a cantar m em Japonês até aos duetos arrasadores (foi o Gonçalo que disse) Sandra-Marconi (o nosso colega brasileiro) - imaginem o Fantasma da Ópera e coisas do género...







Estava a ser tão giro que não queríamos ir embora. Então, quando a fome apertou, em vez de mandarmos vir hamburgers e coisas do género, revezámo-nos na ida à loja de ramen local. Sim, porque no karaoke japonês pode-se sair e voltar a entrar à vontade. E, como não podia deixar de ser, mais um ramen totalmente diferente e delicioso!

De volta ao karaoke, continuou a diversão. O Gonçalo, nesta altura pouco musical, cantou e não foi assim tão pouco.



Ainda reparámos que havia música portuguesa, Madredeus, mas não cantámos. E é claro que as músicas em Japonês eram reservadas a quem conseguia ler a uma velocidade suficientemente rápida, enquanto nós parecíamos as crianças que estão a aprender a ler e a tentar ler as legendas dos filmes!...
Foi uma noite tão memorável que a Sandra, antes de voltar para Portugal, resolveu fazer a sua despedida do Japão no mesmo sítio.

Nesta altura, já o Rodrigo tinha chegado. Ficou um pouco revoltado "Então eu venho cá e vocês levam-me logo para o karaoke???" mas lá veio. Escolheu Madredeus para começar e ainda hoje conta que pensava que o estávamos a enganar e que a música estava a tocar normalmente quando afinal era a "Sandra Madrediana" (invenções do Gonçalo, como se vê a milhas!!) a cantar.

Ao longo da noite já estava o Rodrigo entusiasmadíssimo e novamente ficámos 5 a 6 horas, durante as quais até houve o dueto Sandra-Rodrigo na música "The Ketchup Song (Asereje)". Imaginem ao que chegámos... :)

Depois destas experiências, até ficámos com pena de não termos aproveitado mais o karaoke. Mas fica a vontade de, quando voltarmos ao Japão, repetirmos a experiência.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Subida ao Monte Fuji!

O Monte Fuji, com 3776 metros, é a montanha mais alta e mais importante do Japão. É também uma montanha icónica sobre o próprio país, figurando em numerosas ilustrações, inclusive a famosa "Grande Onda de Kanagawa", Katsushika Hokusai, 1830-1833.


Muitos japoneses têm a tradição de subir ao Monte Fuji. Apesar de especialmente sagrado para o Xintoístas, é também importante para os Budistas japoneses, uma vez que acreditam que o Fuji representa um portal para uma dimensão divina. No entanto, dada a dificuldade da subida e, por outro lado, a experiência de vida que representa a subida ao Fuji, existe um ditado popular japonês que diz: "Quem sobe ao Fuji uma vez é sábio; quem sobe duas vezes é tolo".

Ora, nós quisemos seguir a tradição e tornar-nos sábios :) Portanto, decidimos subir ao Fuji.

Por vários motivos, esta subida foi um momento. Digamos que foi a aventura mais dura, fisicamente falando. Foi também o nascer do sol que mais quilómetros percorremos para ver, pelo menos a andar a pé e a subir uma montanha.

Mas, para chegar a este nascer do sol, temos de recuar ao por do sol do dia anterior, em que a nossa aventura teve início. Numa sexta feira à tarde saímos um pouco mais cedo do trabalho e, juntamente com os nossos colegas e amigos, depois de apanharmos um comboio e um autocarro, chegámos à base do Monte Fuji.

Chegada à base do Monte Fuji (quinta estação).

O acesso ao topo do Monte Fuji tem vários caminhos possíveis. Nós seguimos o vermelho (Subashiri) porque foi a este que conseguimos mais fácil acesso através de transportes públicos.

Depois de jantarmos e comprarmos bastões para nos ajudarem na subida ("e que grande grande ajuda", diz a Sandra; "coff", diz o Gonçalo), começámos a subida.

Jantar pré-subida.
Todo o grupo, em que apenas dois aventureiros não contaram com a ajuda dos bastões.
Apesar de irmos prevenidos com lanternas, não estava uma noite de breu completo. Além disso, para nossa surpresa, graças à elevada densidade habitacional do Japão, conseguíamos ver centenas e centenas de luzes ao fundo, à medida que subíamos.

Luzes ao fundo durante a subida
Como a subida é de uma dificuldade considerável, existem várias estações de paragem, de descanso e até de dormida, ao longo do caminho. Nestas estações normalmente há pelo menos um "quiosque" de venda de alimentos e, por vezes, várias lojas e pequenas "casas de descanso" para quem quiser parar para um pouco mais do que um snack. Para quem compra uma viagem para subida do Monte Fuji, há pacotes que incluem estadia nestas "casas de descanso" para as pessoas poderem dormir algumas horas e restabelecer forças antes de continuarem a dura subida. No nosso caso, "não há cá descanso", ou seja, contentávamo-nos com uma paragem de alguns minutos para descansar as pernas e um snack para restabelecer energias.

Paragem durante a subida (sexta estação)
Ao longo do caminho encontrámos alguns locais que pareciam mini-santuários.
Sétima estação.
Durante a subida, o cansaço acumulado foi ficando visível na cara das pessoas.
Nesta altura, com o frio, tivemos de recorrer às fatiotas fantásticas: os impermeáveis que comprámos na loja dos 100 yen (menos de um euro) perto da nossa casa em Tokyo. Comprámo-los para a eventualidade de chover durante a subida ao Fuji e, embora não tenha chovido, fizeram um ótimo trabalho contra o vento, que na realidade é o que "dói" mais.
E, depois de nove horas desde que partimos da base do Fuji, chegámos finalmente ao topo. Houve quem fizesse auto-diagnóstico in loco de doença da altitude a menos de 500 metros do destino, houve quem tivesse náuseas, tonturas e até princípio de hipotermia já quase no topo e todos, sem exceção, estávamos completamente exaustos!...

Para combater a exaustão e o frio, o Gonçalo comeu este maravilhoso shoyu ramen e a Sandra bebeu um chocolate quente em lata que estava a aquecer numa panela com água a ferver (era tremendamente artificial mas soube pela vida!).
E foi com estas caras que nós assistimos ao lindo nascer do sol no topo do Monte Fuji a mais de 3700 metros de altitude (vestidos a rigor com o belo impermeável de plástico "rasca" de menos de 1 euro).
O ondular das nuvens no céu. Tudo tem outra vida no topo do mundo.
Não, não fomos só nós. Nessa altura apercebemo-nos por que razão havia fila na última hora de subida. Nesta altura, ao ver o nascer do sol, os japoneses gritavam "banzai!", uma espécie de "viva!" dos japoneses que significa, literalmente, "dez mil anos de vida".
Gostámos do efeito dos cones vulcânicos secundários a romper as nuvens mais abaixo.
E mais "nascer do sol", que era tão bonito :)
Vista panorâmica do topo do Fuji.
Apesar do cansaço, a Sandra não resistiu ao momento "José Hermano Saraiva" na cratera do Fuji.
E cá está uma vista mais geral da cratera. 

Depois de uma subida muito difícil, nós pensámos que a descida ia ser "uma peninha". Não podíamos estar mais enganados. Para além de ter demorado cerca de cinco horas, tivemos uma descida emocionante (ou talvez extenuante), com inclinações variáveis (de "normais" a incrivelmente elevadas) e piso também variável (umas zonas com pedras vulcânicas, outras com terra/areia em que os pés se afundavam tanto que, ao descalçarmos os ténis ao fim do dia, houve "derramamentos de areia"). Sim, também tivemos de parar para descansar e recuperar de alguns pés torcidos.

Já no comboio para Tokyo, praticamente 24 horas depois do início da aventura. Pudemos finalmente ceder ao cansaço.