sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Nikko - Parte II - Santuários e Templos de Nikko

No segundo dia em Nikko fizemos a rota histórico-religiosa:

"Há mais de 1200 anos, o notável monge budista Shodo Shonin atravessou o rio Daiya a caminho do monte Nantai e fundou o primeiro templo em Nikko. Séculos mais tarde, Nikko era já um reconhecido centro religioso Budista-Xintoísta, e o chefe militar Tokugawa Ieyasu escolheu o local para erguer o seu mausoléu. Quando, em 1634, o seu neto Iemitsu mandou construir o mausoléu santuário de Tosho-gu, pretendia demonstrar o poder e riqueza do clã Tokugawa. Desde então, Nikko (日光), escrito com caracteres que significam "luz do sol", tornou-se um dos símbolos do esplendor japonês." Guia American Express Japão

Começámos por passar pela ponte de Shinkyo, onde (diz a lenda) o monge Shodo Shonin passou o rio sentado sobre duas enormes serpentes.


Entrámos na zona do Santuário de Tosho-gu, que é património mundial da UNESCO.

Gonçalo junto ao templo de Shihonryu-ji, atualmente denominado Rinno-ji, o primeiro templo fundado em Nikko, por Shodo Shonin, em 766.
Tokugawa Iemitsu não olhou a custos para construir o mausoléu-santuário Tosho-gu em honra do seu avô Ieyasu. Como resultado, este santuário contém elementos extravagantes, refletidos nas principais atrações que visitámos. Ieyasu (1543-1616) fundou a dinastia Tokugawa, que governou o Japão por mais de 250 anos. Apesar de ser originário de uma família nobre pouco importante, devido às suas capacidades de estratégia e astúcia política conseguiu (embora apenas aos 60 anos de idade) ascender a Xógum. Na altura a capital do Japão era Kyoto, mas Ieyasu moveu-a para a então pouco desenvolvida cidade de Edo, agora Tokyo. É na torre do tesouro deste sumptuoso santuário que se encontram as cinzas de Ieyasu.
Pagoda de cinco andares. Cada um destes andares representa, por ordem ascendente, terra, água, fogo, ar e céu.
Estábulo sagrado. Este famoso edifício de madeira não pintada tem várias esculturas. Numa das principais, três macacos sábios ensinam que as crianças não devem ver, dizer ou ouvir qualquer maldade.
Porta Yomeimon, considerada uma das estruturas mais ornamentadas de todo o Japão. Uma das doze colunas foi esculpida de pernas para o ar, propositadamente para evitar enfurecer espíritos invejosos.
Pormenor das ornamentações da Porta Yomeimon.
Biblioteca com escrituras budistas (à esquerda) e torre do tambor. Esta torre simboliza o nascimento / o positivo e faz par com uma outra, simetricamente colocada no templo, a torre do sino, que representa a morte / o negativo. Sempre o yin e o yang :)
Seguimos para o santuário Futarasan. Também fundado por Shodo Shonin, em 782, é dedicada aos três deuses dos montes sagrados de Nikko.

Entrada do santuário Futarasan.
Dentro de um dos templos do santuário Futarasan.
Love tablet no santuário Futarasan :)
Seguimos para o santuário Taiyuin-byo. Este santuário destaca-se por ser o mausoléu do Tokugawa Iemitsu (1603-1651). Foi este o Xógum que fechou o Japão ao comércio com o estrangeiro, que isolou o país do mundo por 200 anos. É do outro lado da última porta deste templo que se encontra o túmulo de Iemitsu. A entrada principal do santuário é guardada em ambos os lados pelo deus guerreiro Nio.


A fonte de granito tem um dragão pintado no teto do seu telhado que por vezes é refletido na água da fonte.
Durante a nossa visita, mais uma vez começou a chover. Abrigámo-nos num dos altares budistas, o Haiden.

Chuva no altar budista Haiden, com vista para o altar dourado Honden.
Aventurámo-nos na chuva para observar e fotografar a porta Kokamon em estilo chinês da dinastia Ming.
Dirigimo-nos, finalmente, para a zona de Kanman-ga-fuchi, já fora da área do santuário Tosho-gu. Aqui percorremos parte de um trilho de caminhada com vista para as lagoas no leito do rio, formadas pela erosão de torrentes de lava resultantes de uma erupção do Monte Nantai.

A caminho encontrámos um besouro verde!
Este local é conhecido também pela fila de setenta estátuas de pedra de Jizo, uma das divindades mais adoradas no Japão, que representa a compaixão e a salvação universal.




quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nikko - Parte I - Cascatas

Um dos fins de semana de verão decidimos visitar Nikko. Esta é uma vila a norte de Tokyo famosa pela sua história e natureza. Situa-se num parque natural de montanha com fantásticos lagos, cascatas, vistas panorâmicas, percursos pedestres e termas. Nikko foi um centro religioso Xintoísta e Budista e, portanto, tem vários templos e, num deles, o mausoléu do Xógum Tokugawa Ieyasu, o fundador da dinastia Tokugawa.

Como a nossa visita a Nikko se restringia a um fim de semana, decidimos comprar um passe ainda em Tokyo que incluía todos os transportes e entradas nas atrações principais. Dividimos a nossa visita a Nikko em duas partes temáticas: no primeiro dia visitámos o parque natural circundante e no segundo dia a ligação histórica de Nikko ao Xógunato.

A viagem de comboio entre Tokyo e Nikko ainda foi longa, isto é, ocupou-nos toda a manhã. Quando chegámos, à hora do almoço, fomos fazer o reconhecimento ao alojamento, apanhámos uma (pensámos nós) grande chuvada mas, mesmo assim, partimos à descoberta das famosas quedas de água da zona, ainda não muito molhados...

Os nossos passes
Uma hora de autocarro mais tarde, chegámos à primeira cascata, Kegon.

Para comemorar os 1276 metros de altitude... 
Fantástica paisagem montanhosa!
Estas quedas de água estavam algo escondidas no meio da floresta e numa zona escarpada pelo que, para chegar ao local panorâmico de observação, era preciso apanhar um elevador.


E depois do elevador...


A erosão ainda não apagou a origem vulcânica das escarpas que circundam a catarata.
Seguimos para a queda de água Ryuzu ou "cabeça de dragão", famosa no outono pelos vários tons de cores quentes, que também contribuem para o seu nome.



Seguimos para as últimas quedas de água do dia, as Yudaki. Antes de as visitarmos parámos para um snack, uns dango tradicionais cozinhados na brasa mesmo à nossa frente.




Fomos então espreitar as cascatas, que têm 25 metros de largura e 75 metros de altura.


Singing in the rain

Pois, já na altura chovia... Mas piorou.

Enquanto subíamos os 75 metros da cascata pela encosta que a ladeava, bastante íngreme, esta começou a transformar-se numa cascata adicional sobre nós.

As escadas não eram muito largas e estavam cheias de amálgamas disformes de lama e ramos de árvores que desciam pela encosta. Não há registos fotográficos desta parte porque estávamos a tentar que a máquina sobrevivesse ao temporal.

Apesar de tudo, chegámos ao topo.

O início da cascata Yudaki
Ponte sobre o lago que dá origem à cascata
Não é nevoeiro... é tudo chuva!
Com esta subida fenomenal e o retorno à paragem do autocarro ficámos molhados desde os pés às pontas dos cabelos. Como resultado, íamos literalmente a escorrer água quando conseguimos apanhar o autocarro de retorno. Quando chegámos ao alojamento em Nikko, cerca de duas horas depois, utilizámos todos os aparelhos eletrónicos que havia para conseguirmos secar roupa para ir jantar: aquecedor, secador, ar condicionado e ventoinha!


Como anteriormente não tínhamos conseguido fazer check-in no alojamento, transportámos todo o dia uma mochila com todos os nossos pertences. Portanto, o encharcamento total inclui tudo o que estava na mochila, como mudas de roupa, guias e as nossas carteiras. Foi aqui que o cartão de doutoramento do IST da Sandra morreu.

Depois de toda esta aventura (e quando conseguimos secar minimamente a roupa!) saímos para jantar um maravilhoso e reconfortante Ramen, o favorito da Sandra no Japão!!! Estava tão bom que nem nos lembrámos de tirar fotos.